Será que utilizar o doping como meio de obtenção de resultados é correcto? Esta é a questão, e a resposta é pura e simplesmente NÃO. O nosso grupo é unânime em considerar que a prática do doping não deve ser utilizada, e isto deve-se essencialmente devido a dois problemas que levanta:
- o doping vai contra a máxima do desporto que é “o mais importante é participar, não é ganhar”. O doping visa apenas o resultado, ignorando completamente a ética do desporto. Além disso, todos os atletas devem partir em iguais condições para todos as competições. O uso de doping dá uma vantagem injusta a quem o utiliza, até porque o que se quer avaliar numa competição desportiva não é qual o atleta com mais dopantes, mas sim o melhor atleta numa determinada disciplina...
- o doping é uma prática altamente perigosa. Infelizmente (ou não) quase todas as técnicas dopantes apresentam perigos para saúde humana, o que só por si devia ser suficiente para dissuadir os desportistas de a usar.
Outro problema que se levanta muitas vezes é o facto de os desportistas serem quase “obrigados” a usar doping. Muitas vezes um atleta, mesmo sabendo que é o melhor no desporto que pratica, tem demasiadas pressões sobre ele: pode ser um atleta novo que precisa de ganhar uma determinada competição para obter um contracto, um atleta em fim de carreira que já não consegue as proezas físicas de quando era mais jovem, um atleta que vem duma lesão grave... Enfim, muitas vezes acontece que é a necessidade e a pressão que levam certos atletas a usar técnicas dopantes, e a necessidade é algo muito difícil de combater.
De qualquer forma, nos deixamos aqui o nosso apelo antidoping, devido às razões acima mencionadas. Gostávamos também de salientar que o doping e os métodos antidopantes estão em constante progressão. Hoje em dia já existem técnicas de detecção de dopantes avançadas, mas visto estas técnicas serem sempre em resposta ao aparecimento de certas substâncias, quando tais procedimentos são adoptados, já a substância dopante foi largamente utilizada. Destacamos por exemplo o DMT, um esteróide sintético que o corredor dos 100 e 200 metros Kelli White admitiu utilizar e sobre o qual não existem medidas antidoping...
Por fim gostávamos de falar dalguns casos famosos de atletas que usaram a prática do doping:
- Por volta do século VIII a.C. os atletas olímpicos da Grécia comiam testículos de carneiro, fontes de testosterona. Por volta de III a.C. sabe-se que também já tomavam cogumelos alucinógenos, que possuem propriedades estimulantes.
- Em 1904 Thomas Hicks ganhou a maratona de St. Louis depois de tomar conhaque e estricnina.
- Em 1967 Tom Simpson desmaiou durante a volta França, morrendo antes de chegar ao hospital de helicóptero. Foram encontrados 2 tubos de anfetaminas cheios mais um vazio no seu fato de treino...
- Nos jogos olímpicos de verão de 1988 Ben Jonhson ganhou a medalha de ouro, tendo sido apanhado a tomar esteróides anabolizantes, hormona do crescimento humano, entre outras coisas. Devido a este acontecimento a medalha de outro foi entregue a Carl Lewis, que mais tarde foi acusado de também ter usado drogas, acabando também ele por perder a medalha de ouro.
- Durante as décadas 70 e 80 os países da antiga URSS foram acusados de várias práticas antidoping, confirmadas anos mais tarde quando alguns documentos foram encontrados relativamente a esse assunto. Pensa-se que, de entre as práticas usadas, as nadadores femininas da URSS foram masculinizadas, assim como a maior parte dos desportistas que precisavam de massa muscular tomaram esteróides anabolizantes; também se pensa que em categorias como a ginástica, as atletas femininas tinham a sua puberdade retardada de forma a terem menos massa óssea e como tal, menos peso.
- Em 1998 a equipa de ciclismo Festina foi excluída depois de terem sido encontradas várias drogas dopantes num carro da equipa.
- Roberto Heras, vencedor da Volta a Espanha em 2005, perdeu o seu título e foi suspenso por 2 anos depois de acusar EPO.
- Em 2006 alguns companheiros de Lance Armstrong, vencedor 7 vezes consecutivo da Volta à França, admitiram tomar EPO. Durante a pré-época cerca de um litro de sangue enriquecido com glóbulos vermelhos devido a EPO era recolhido, sendo meio litro injectado antes do início da época e o outro meio litro a meio da Volta, quando o cansaço se começasse a notar. Depois disso houve várias acusações a Armstrong, nomeadamente pelo facto de ele ter usado o pretexto do cancro nos testículos para tomar ou encobrir drogas ilegais.
- Em 2006 o ciclista Floyd Landis foi acusado por apresentar um ratio testosterona/epitestosterona muito elevado. No entanto, parece que o ciclista apresenta deficiência nos níveis de epitestosterona. A decisão de lhe retirar o título está neste momento por decidir.
- Ainda no mesmo ano, a equipa de ciclismo Liberty Seguros teve o seu director geral e outros funcionários presos depois de um alegado escândalo de doping.
Este são apenas alguns dos muitos casos de doping registados. Até entre nós, mesmo em Portugal, existem casos de doping. Por exemplo, podemos salientar o caso do Nuno Assis, do Abel Xavier ou do Fernando Couto, jogadores de futebol apanhados a usar substâncias dopantes.
Para terminar deixamos a nossa esperança de que no futuro, e com o avanço da genética, seja possível, através do código genético de cada um, perceber facilmente que tipo de doping os atletas estão a usar com uma simples análise de sangue, acabando de vez, ou pelo menos reprimindo grandemente, qualquer tipo de doping. É de notar que já existem avanços neste campo, nomeadamente em exames antidoping para a EPO.